A história dos bondes como meio de transporte público no Rio de Janeiro começa em 1859. Os primeiros modelos rodavam sobre trilhos puxados por animais, depois a vapor (1861) e finalmente por energia elétrica (1891). O Brasil foi um dos pioneiros a aderir a este tipo de transporte de massa nos centros urbanos. O apogeu do sistema aconteceu no início dos anos 40 quando empresas candenses, inglesas, americanas e brasileiras operavam cerca de 4.200 carros por aproximadamente 2.250 km de linhas. Estas empresas tinham em seu quadro mais de 30 mil empregados e transportavam 125 mil passageiros por mês,
O bonde teve papel essencial na integração e expansão dos bairros da cidade, unindo o centro antigo às regiões mais distantes que correspondem hoje aos bairros da Zona Norte e Sul. Pessoas de todas as classes sociais podiam se deslocar para centros comerciais mais distantes de suas residências a um custo baixo. Este novo meio de transporte promoveu uma revolução no modo de vida, desenvolvendo o comércio e possibilitando o loteamento de terrenos para venda nos "distantes" bairros de Botafogo, Copacabana, Ipanema e Leblon.
No início do século XX surgiram os primeiros automóveis e ônibus movidos à gasolina, contudo o bonde aberto continuou a ser o transporte urbano preferido da população. Em meados dos anos 50 com o barateamento dos automóveis da indústria nacional, o consumidor passou a preferir este tipo de transporte individual para sua família. Além disso, a frota de ônibus disponível cresceu, oferecendo maior segurança aos usuários. O destino do bonde como meio de transporte estava selado.
Em 1963 o Governador do então Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, resolveu encerrar as atividades dos bondes. A companhia que produzia os carros e fazia a manutenção já havia deixado o sistema poucos anos antes, deixando bondes e trilhos sem manutenção de qualidade. As linhas foram sendo extintas em etapas até 1967, sendo a última linha a do Alto da Boa Vista.
Apenas a linha de Santa Teresa permaneceu e ainda hoje opera. Ela foi inaugurada em 1872 partindo do Largo do Guimarães em direção ao Silvestre e ao Morro Paula Matos. Em 1896 a linha de Santa Teresa, já eletrificada, começou a sair do Largo da Carioca ligando o Morro de Santo Antônio ao Morro de Santa Teresa pelo alto dos Arcos da Lapa (antigo aqueduto). O bonde passou a ser símbolo do bairro para onde iam buscar moradia diversos músicos, intelectuais, artistas e pessoas "descoladas" do agito urbano. Alguns acidentes, inclusive com mortes, ocorreram e os chamados modernistas fizeram coro pelo fim da linha, contudo a associação de moradores, sempre resiliente em manter as tradições do bairro, conseguiu mais atenção do poder público e a linha foi totalmente remodelada, voltando a operar em 2015 após 4 anos de paralização.
Com a extinção deste meio de transporte, o ônibus elétrico foi implantado em 1962 aproveitando a fiação aérea já existente dos bondes. O trolleybus pertencia a CTC, porém teve curta duração devido a problemas econômicos, técnicos e jurídicos. O sistema foi desativado em 1971 e os veículos convertidos a tração diesel.
Atualmente no Rio de Janeiro existe o Veículo Leve sobre Trilhos - VLT que trafega exclusivamente pelo centro da cidade, em duas linhas, desde os Jogos Olímpicos de 2016. Mas isto é outra história...
Linhas existentes de 1951 a 1957
1 - Largo do Machado (não regular)
2 - Laranjeiras
3 - Águas Férreas¹
4 - Praia Vermelha
5 - Leme
6 - Voluntários*
7 - Humaitá, depois Jóquei
9 - General Polidoro - Pça. Mauá, depois General Polidoro
10 - Gávea
11 - Jardim Leblon
12 - Ipanema (via Túnel Velho)
13 - Ipanema (via Túnel Novo)
14 - Praça General Osório
20 - Circular, depois Leme - Ipanema
21 - Circular
22 - Maquês de Abrantes - Estrada de Ferro, depois nº 24
24 - Marquês de Abrantes - Estrada de Ferro
25 - André Cavalcanti
26 - E. Ferro - 1º Março - Independência² *
27 - E. Ferro - Riachuelo - Independência², depois E. Ferro - Riachuelo - Tiradentes
28 - Barcas - E. Ferro
29 - Barcas - E. Ferro - Lapa, depois Lapa - Duque de Caxias - 1º Março
30 - Lapa - Arsenal de Marinha
31 - Lapa - Leopoldina*
32 - Lapa - Av. Rodrigues Alves*
33 - Lapa - Praça da Bandeira
34 - Praça 15 Nov. - Av. Rodrigues Alves*
35 - Praça 15 Nov. - Riachuelo*
36 - Praça 15 Nov. - Pça 11 de Junho, depois Lapa - Cancela
38 - Pça. Mauá - Leopoldina*
39 - Praia Formosa - Pça. Mauá - Arsenal de Marinha*
40 - Praia Formosa - Camerino - Pça. Mauá
41 - Palmeiras*
42 - Coqueiros
43 - Catumbi - Itapiru
44 - Itapiru - Independência² *
45 - Itapiru - Barcas
46 - Estrela
47 - Santa Alexandrina
48 - Bispo*
49 - Itapagipe*
51 - Matoso
52 - Cancela*
53 - São Januário
55 - Bela de São João*
56 - Alegria
57 - Ponta do Caju e Caju Retiro
58 - São Luis Durão³ *
59 - Pedregulho*
60 - Marquês de Abrantes - Saens Peña, depois Muda - Marquês de Abrantes
62 - Pça. Malvino Reis
63 - São Francisco Xavier*
64 - Aguiar - Fábrica
65 - Muda (não regular)
66 - Tijuca
67 - Alto da Boa Vista
68 - Uruguai - Eng. Novo
69 - Aldeia Campista
70 - Andaraí - Leopoldo
71 - Barão de Mesquita - Verdun*
72 - Saens Peña - Méier
73 - Praça Barão de Drummond*
74 - Vila Isabel - Eng. Novo
75 - Lins de Vasconcellos
76 - Engenho de Dentro
77 - Piedade
78 - Cascadura
79 - Licínio Cardoso
81 - Méier - Tragem
82 - Méier - Independência²
83 - Méier (não regular)
84 - José Bonifácio
85 - Cachambi
86 - Pilares
87 - Boca do Mato
88 - Méier - Pça. Barão da Taquara*
89 - Tanque*
90 - Taquara
91 - Feguesia
93 - Ramos, depois Penha (até Pça. Mauá)
94 - Penha (até Lgo. São Francisco)
96 - Madureira - Vaz Lobo*
97 - Madureira - Penha
98 - Madureira - Irajá
99 - Méier
Obs.: * linha extinta no período. ¹ nome antigo do Cosme Velho. ² nome conhecido antigamente da Praça Tiradentes. ³ antiga fábrica em São Cristóvão.
Tipos de bonde e curiosidades
1. Os primeiros tipos eram puxados por parelha de burros e transportavam apenas dezesseis passageiros.
5. Dois reboques.