1. Entrada da Rua D. Pedro I (antiga Rua do Espírito Santo) em 1906. O fotógrafo está com as costas voltadas para a Praça Tiradentes.
1a. O final da rua era sem saída, mas à direita havia a entrada para a Rua do Senado (vide foto 6). Na lateral esquerda, no gradil, situava-se o Maison Moderne (vide foto 1c), nome bonito para um parque de diversões.
1b. Anos 10. Outra foto do mesmo local em dia movimentado.
1c. Parque de Diversões Maison Moderne. Inaugurado em 1903 e extinto em 1932 para a construção do Ed. Gaetano Segreto (nº 7 da atual Rua D. Pedro I), homenagem ao empresário italiano, proprietário do parque e de outros estabelecimentos na cidade. Localizado na esquina da Rua Espírito Santo com Praça Tiradentes. Observar o prédio na extrema direita e confrontar com o mesmo na lateral esquerda das duas fotos anteriores.
1d. Em foto de 1928, vemos o antigo Teatro Carlos Gomes (ex Teatro Cassino Franco-Brésilien inaugurado em 1872, depois Teatro Santana em 1880), na esquina da Rua D. Pedro I com Praça Tiradentes. Em 1929 o local incendiou-se pela primeira vez e, no lugar, foi construído o prédio atual (foto a seguir).
1e. 1906. Esta edificação é vista de perfil nas fotos 1, 1a e 1b.
2. O mesmo local em 1931 apresenta o teatro em seu novo prédio em art decô e lá permanece ainda hoje. Observar que o poste da esquina foi preservado. Em 1984 a construção foi tombada como patrimônio histórico e cultural.
2a. Provavelmente década de 40.
3. Fotografia dos anos 50 de baixa qualidade, entretanto bastante reveladora. O ângulo mostra a Rua D. Pedro I em profundidade vista da Praça Tiradentes. À direita identificamos o mesmo prédio do Teatro Carlos Gomes visto nas duas fotos anteriores. Percebe-se que a rua não tinha seu traçado atual, tendo em vista que o Morro de Santo Antônio, que se estendia até as margens da Rua do Lavradio, ainda pode ser observado no alto. De fato a Rua D. Pedro I terminava pouco depois da Rua do Senado, num beco sem saída, onde ficava o Teatro Recreio Dramático, o prédio branco frontal, lá no fundo. Clique na imagem para ampliar.
3a. 1958. Recentemente foi remodelado.
4. Fotografia ao redor de 1900 do Teatro Recreio Dramático (antigo Teatro Variedades) citado na foto 3. Inaugurado em 1877 e demolido em 1968.
4a. Imagem sem data mostrando a fachada do teatro em aproximação.
4b. 1934. Rua do Espírito Santo, nº 43-45.
5. Foto rara do mesmo local em 1961.
5a. Provável anos 60.
6. Excelente tomada do mesmo local, em 1906, quando o teatro ainda funcionava na antiga construção. À direita, a velha esquina com a Rua do Senado.
7. 1907. Este é Café-Cantante Moulin Rouge, antigo Teatro Santana, de 1881. Vide foto 1 (primeiro prédio após a esquina).
7a. O Café do Braguinha também merece destaque, pois é considerado o primeiro café na forma de confeitaria que servia lanches. Fundado em 1824 na Av. Passos esquina com a praça, no lado oposto ao teatro. Ali encontravam-se intelectuais e artistas para uma conversa descontraída ao sabor de um gostoso café. Anos depois, a casa foi demolida surgindo no novo prédio o Café Criterium de igual fama e, segundo dizem alguns historiadores, foi onde originou-se o hábito carioca de tomar cafezinho. Na era Passos, quando a avenida foi alargada, a casa mudou de mãos passando a chamar-se Café Capital, que viria a tornar-se uma marca famosa após criar sua própria torrefação em 1943. A foto acima é de 1870 e mostra o Café Braguinha decorado para os festejos do fim da Guerra do Paraguai!
8. Anos 70 mostra o Cinema São José já em decadência. Situado na Praça Tiradentes, nº 3, esquina com atual Rua Silva Jardim, muito próximo do Rio Hotel. Sua história começa em 1880 como hotel com teatro no térreo. Após algumas reformas, tornou-se café-teatro com diversos nomes até o final do século XIX. Em 1903 foi aberto o Teatro São José pondo fim a uma época onde os espetáculos variavam entre revistas de baixa qualidade, shows circences e lutas. A precariedade da construção e o calor insuportável afugentavam os clientes até que, em 1931, um incêndio devorou o prédio de 50 anos. Reconstruído, viveu a época de ouro da praça e também sua decadência ao perder espaço para a Cinelândia e a vida noturna da crescente Zona Sul nos anos 50. A partir da década de 70, já como cinema e teatro-revista, passou a apresentar filmes de baixa categoria e espetáculos direcionados ao público gay. Seus prédios vizinhos, também voltados para o entretenimento, a Cervejaria Stadt Munchen e o Cinema Brasil, já haviam sido demolidos para o alargamento da Rua Silva Jardim. Seu fim estava próximo. Em 1984 o prédio foi demolido e hoje, no local, ergue-se o Hotel Íbis.
9. Sem data, todavia é provável ser contemporânea à anterior.
10. Cine Marrocos, próximo ao São José, localizado na Rua Silva Jardim. Sem data.
11. 1924. Cinema Paris localizado na Praça Tiradentes, nº 42, esquina da Rua Imperatriz Leopoldina (antiga Rua Bárbara Alvarenga). Sua história começa em 1897 na Rua do Ouvidor, mas devido a um incêndio no ano seguinte foi para a Praça Tiradentes, nº 50 em 1907, transferindo-se, em definitivo, para prédio próprio (o da foto acima) em 1921. Permaneceu ai por vinte anos até o prédio ser demolido. Esta quadra até o cruzamento com a Rua Luis de Camões ainda possui diversas construções centenárias.
11a. Os organizadores do cinema capricharam na decoração para o lançamento do filme "A Viúva Alegre" em 1934.
12. 1921. Cine-Teatro Iris (antigo Cinematógrafo Soberano) na Rua da Carioca, nº 49-51 (antiga Rua do Piolho). Inaugurado em 1909, continua funcionando até hoje, embora todo o seu glamour tenha ficado num passado bem distante, pois as atrações apresentadas nas três últimas décadas se tornaram pra lá de duvidosas. Foto sem data, mas o movimento na porta é grande. O prédio em estilo art nouveau foi tombado pelo INEPAC em 1983.
12a. Sem data. Alegorias na fachada para atrair espectadores.
12b. Cerca de 1949.
13. Fachada do então Cinema Iris em 1968. Na onda do "pague por um e assista dois".
13a. Imagem recente sem data mostra a entrada em detalhes.
13b. 1921. A escadaria central que leva às frisas.
14. Foto de 2019 da bela entrada do Cinema Iris. Atração turística. Comparar com foto anterior e ver que muito pouco mudou.
15. Anos 20. O Cinematógrafo Ideal foi inaugurado em 1908 e localizava-se na Rua da Carioca, nº 60-62, vizinho ao Iris, do outro lado da rua, e seu rival na briga pelos espectadores. Ambos ficavam bem próximos à Praça Tiradentes.
16. Outra imagem sem data do Cine Ideal. Pelo filme em cartaz é final dos anos 50.
17. Foto recente dos sobrados do Cine Ideal. Sua localização com precisão pode ser dita como sendo na continuação da Rua República do Paraguai, após atravessar a Rua da Carioca. O cinema fechou as portas em 1961 e no local funcionou uma sapataria, mas em 1994 os dois sobrados geminados foram vítimas de um terrível incêndio. Anos mais tarde, após 12 meses de obras, foi aberta uma sofisticada casa de show multifacetada (Maison Leffié) com terraço arejado, a presença de DJ's famosos e artistas. "Bombou" durante algum tempo, mas em 2014 fechou as portas inesperadamente. As construções também foram tombadas pelo INEPAC.
18. Um pequeno mapa atual indicando a localização de alguns points famosos para orientar melhor o visitante:
1) Teatro Carlos Gomes;
2) Cinema São José;
3) Cinema Ideal;
4) Cinema Iris;
5) Bar Luiz;
6) Teatro João Caetano;
7) Cinema Paris;
8) Gafieira Estudantina;
9) Cinema Marrocos.
19. Foto de 1980. Situado no nº 39 da mesma Rua da Carioca, o centenário Bar Luiz (antigo Bar Adolf) também fez parte da história boêmia do entorno da Praça Tiradentes. O tradicional bar, de origem alemã, abriu suas portas em 1887, mas somente se estabeleceu no endereço atual em 1927. O ambiente do seu interior em estilo art decô é o mesmo desde aquela época.
20. Porta principal do Bar Adolf. Foto sem data. Tombado em 1985 pelo INEPAC.
21. 1937 - festa do seu cinquentenário no salão: "Recebe só amigos". O fotógrafo está de costas para a porta de entrada.
22. Anos 30. A parir de 2019 o estabelecimento vem sofrendo sucessivas crises financeiras devido ao
esvaziamento comercial da rua conjugado com a crise econômica gerada pela pandemia. Uma
grande mobilização dos frequentadores pelas redes sociais conseguiu
dar sobrevida e esperança à casa, porém parece que tudo foi em vão, pois mais recentemente (2023) as portas fecharam novamente.
23. Não poderíamos esquecer de mencionar a Gafieira Estudantina. Embora ela tenha sido fundada em 1928 no bairro do Flamengo, somente se instalou na Praça Tiradentes em 1942, no nº 79, em um sobrado ao lado do Palácio Visconde do Rio Seco. Era uma casa exclusivamente voltada para a dança com música brasileira ao vivo, atraindo um público eclético e de todas as idades. Em 2017, após 75 anos de existência no local, a Estudantina, afogada em dívidas, fechou as portas. O prédio também foi tombado em 2012 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultura - INEPAC. Hoje funciona ali um Centro Cultural voltado para dança e música do pessoal jovem e da terceira idade. Não foram encontradas fotos antigas disponíveis da construção.
Várias outras casas de entretenimento e "cafés-cantante" foram abertas no entorno da Praça Tiradentes, nos tempos do Segundo Reinado e da Velha República, consolidando a praça como grande centro da vida noturna da cidade e lugar das artes. Após as 22 Hs quando os shows terminavam, era a vez dos restaurantes e bares se encherem e a noite começar. Entretanto, nos anos 30/40, grande parte do público frequentador passou a experimentar novos ambientes na Cinelândia e Zona Sul, restando apenas à velha praça a fama de reduto de teatros de revista (ou como alguns preferem chamar "teatro rebolado"), local preferido de vedetes, bailarinos, atores de menor expressão e do pessoal envolvido na montagem desta categoria de espetáculo. Nos anos 70, com raras exceções, pouca coisa do passado boêmio sobrara e a praça amargou a pior fama possível, tornando-se local de encontrar mulheres de vida fácil. Atualmente passa por um processo de revitalização, tentando resgatar o antigo glamour de local de entretenimento.