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domingo, 13 de junho de 2021

LARANJEIRAS e COSME VELHO - Palácio Guanabara e Clube Fluminense

 Palácio Guanabara

1. Palácio Isabel. Esta foto com data atribuída a 1865 mostra a residência recém adquirida pela Princesa Isabel e seu esposo o Conde D'eu. Ao que tudo indica nesta foto, operários trabalham na pavimentação da Rua Pinheiro Machado (antiga Rua Guanabara).

2. A família viveu aqui, após reformas, até 1889 quando ocorreu a Proclamação da República. O imóvel foi confiscado passando a patrimônio da União por decreto de 1891. Os descendentes da família imperial brasileira, durante 125 anos, tentaram em vão recuperar judicialmente sua posse.
 
3. Pintura datada de 1875. Consta que a construção iniciou-se em 1853 de propriedade do comerciante português José Machado Coelho. Foi sua residência particular até 1860.
 
 4. Captação do palácio (de fundos) a partir do Morro Novo Mundo, ao redor de 1885, com indicações.

5. Uma visão frontal de 1865 obtida da Rua Paissandu. Notar que nesta época não haviam sido plantadas as famosas palmeiras da via, única forma de se chegar ao palácio.
 
6. Foto contemporânea a anterior. Observar o poste à direita.
 
7. Cerca de 1860 em mesmo ângulo. Durante a permanência da família o casarão ficou conhecido como Palácio (ou Paço) Isabel.

7a. Consta ter sido esta foto clicada do Paço Isabel com a câmera voltada para a entrada. Vemos ao fundo as palmeiras já plantadas da Rua Paissandu. é o ângulo oposto das três fotos anteriores. A Princesa Isabel, seu esposo e filhos estão numa charrete posando para o fotógrafo. Clique na imagem para ampliar.

8. Imagem ao redor de 1900.
 
8a. Esta interessante foto ao redor da virada do século mostra parte da região desta postagem. Ao fundo vemos o Morro Azul (à esquerda) e o Morro Novo Mundo (à direita), logo abaixo notamos uma fileira de palmeiras que concluímos se tratar da Rua Paissandu. À direita da imagem, em diagonal, vemos a velha Rua Guanabara (atual Rua Pinheiro Machado) passando diante do campo de treinos do Fluminense e do Paço Isabel, este na altura das citadas palmeiras. É curioso observar que esta rua terminava no sopé do morro, pois a abertura da rocha somente seria realizada em 1914 após a conclusão da reforma do Palácio Guanabara. Por fim destacamos ao pé da foto uma construção redonda que foi uma antiga Praça de Touros localizada na altura da atual Rua Ipiranga perto da Rua das Laranjeiras.
 
9. O início das obras de reforma em foto ao redor de 1907.

10. 1907. Prosseguimento dos trabalhos objetivando aproveitar as fundações da antiga residência para erguer um prédio de maior proporção.
 
11. 1907.
 
12. 1907.
 
13. 1908.

14. Trabalho pronto em estilo neoclássico.

15. 1910.
 
16. Data desconhecida.

16a. O belo ajardinamento dos fundos que não existe mais.

17. Grades cercam o palácio em foto ao redor de 1923.
 
18. Anos 20.

19. Anos 20.
 
19a. 1910.

19b. Sem data conhecida.
 
20. Em 1946 o prédio passou a ser sede oficial da Prefeitura do Distrito Federal até a transferência para Brasília em 1960 e a criação do Estado da Guanabara.

21. Anos 60.
 
 
22. 1964. Ano turbulento.

23. Linda fotografia sem data.

Fluminense Football Club
 
24. Nesta fotografia de 1914 vemos uma partida de futebol no campo de treinamento do Fluminense ao lado do Palácio Guanabara. Observar que ainda não se tratava de um estádio, pois não havia arquibancada ao seu redor. Observar, ao fundo, o corte já feito no Morro Azul para prolongamento da Rua Farani fazer a junção com a Rua Pinheiro Machado.

24a. Esta fotografia mostra que, antes mesmo da construção das arquibancadas de concreto, foi erguida em 1905 esta bela estrutura de madeira para abrigar os espectadores, ampliada no ano desta foto, 1915. Situava-se apenas na lateral do campo voltada para a Rua Álvaro Chaves, no local exato onde hoje há o Salão Nobre.

25. Foto colorizada de 1919 revela a construção do estádio do time tricolor carioca a partir do antigo campo de treinamento. A Rua Pinheiro Machado ainda era estreita.
 
26. O Estádio de Álvaro Chaves ficou pronto em 1919 e no ano seguinte as dependências da nova sede dispondo de um imenso Salão Nobre muito utilizado para filmagens e gravação de novelas pela sua beleza exuberante. 
 
26a. Aspecto do gramado em 1919.

26b. Cerca de 1921.Quase o mesmo ângulo visto na foto anterior. Observar o corte na rocha ao fundo, à esquerda, indicando a passagem da Rua Farani até a Rua Pinheiro Machado. Na outra foto vemos este corte no canto superior direito.

26c. 1926.

27. 1922. Conhecido também como Campo da Guanabara.
 
27a. Vemos aqui uma partida do Campeonato Sul-americano de 1922 super lotada.

27b. Muito embora sem data, encontramos esta foto do mesmo ângulo anterior. A futura área do campo do FFC está na lateral esquerda margeando uma rua, não mais existente (continuação da atual Rua Coelho Neto), que a separava do terreno do Palácio Guanabara, visto aqui de fundos no centro da imagem.
 
28. Imagem aérea sem data. Notar que o estádio não era alinhado com o Palácio Guanabara (visto no canto inferior esquerdo) e a Rua Pinheiro Machado. Vide foto 35.
 
29. Curiosa fotografia aérea de 1922. No canto inferior esquerdo vemos o campo de treinamento do Flamengo, ao lado da Rua Paissandu.
 
29a. A mesmo foto anterior em seu tamanho original. Vamos aos detalhes assinalados do entorno:
1) Largo do Machado e Igreja N. Sra. da Glória;
2) Praça José de Alencar;
3) Rua do Catete;
4) Rua Conde de Baependi;
5) Rua Senador Vergueiro;
6) Rua Marquês de Abrantes;
7) Rua Paissandu;
8) Rua das Laranjeiras;
9) Praça São Salvador;
10) Rua São Salvador;
11) Campo do C.R. Flamengo;
12) Estádio do Fluminense F.C.;
13) Palácio Guanabara;
14) Morro Azul;
15) Rua Ipiranga;
16) Praça de Touros (extinta, vide foto 2a);
17) Rua Coelho Neto;
18) Rua Gago Coutinho;
19) Parque Guinle;
20) Traçado da Rua Pinheiro Machado alargada após a abertura do Túnel Santa Bárbara (direita) e do corte da Rua Farani (esquerda);
21) Rua Barão do Flamengo; e
22) Rua Almirante Tamandaré.

29b. Cerca de 1920. A mesma região em foto sob outra perspectiva com indicações.
 
30. Anos 30. Esta é a entrada principal do clube voltada para a Rua Álvaro Chaves, onde fica também o Salão Nobre. A sede é tombada pelo patrimônio histórico.
 
31. Anos 40. Esta é a fachada do clube vista pela Rua Pinheiro Machado que futuramente será demolida. Comparar com a foto 25.
  
32. O estádio sofreu modificações em 1922 aumentando sua capacidade de espectadores para 25 mil. No pé da imagem passa a Rua Álvaro Chaves.

33. Foto contemporânea a anterior. O Palácio Guanabara está na extrema esquerda.

34. Consta ser dos anos 40. Imagem em dia de arquibancada cheia.
 
34a. Foto aérea de 1934 abrangendo todo o entorno do clube com indicações:
1) Estádio do FFC;
2) Palácio Guanabara;
3) Corte da pedreira fazendo a ligação da Rua Pinheiro Machado è Rua Farani;
4) Morro Azul;
5) Morro Novo Mundo;
6) Rua Moura Brasil;
7) Rua Soares Cabral;
8) Rua Pinheiro Machado (antiga Rua Guanabara); e
9) Rua Paissandu.

35. Encontramos esta ilustração do projeto para duplicação da Rua Pinheiro Machado no começo dos anos 60 e parte do que foi necessário demolir no estádio.
 
36. 1961. No começo dos trabalhos de demolição parcial, torcedores protestaram diante do estádio sendo mutilado.

37. Visão após a demolição de parte da lateral voltada para a Rua Pinheiro Machado. Em 2004 seu nome oficial passou a Estádio Manoel Schwartz, em homenagem ao antigo presidente dos anos 80, contudo o nome anterior, Estádio de Laranjeiras, permanece no linguajar carioca, embora no local não ocorram mais jogos oficiais.

sábado, 12 de junho de 2021

APÊNDICE IV - Grandes obras do Prefeito Pereira Passos

Pequena biografia

Francisco Franco Pereira Passos nasceu em agosto de 1836 na extinta cidade de São João Marcos (atual distrito de Rio Claro), na então Província do Rio de Janeiro. Aos 16 anos incompletos ingressou na antiga Escola Militar (depois Escola Politécnica, no Largo de São Francisco de Paula), formando-se em Engenharia Civil quatro anos depois. 

Após a graduação, passou três anos de estudo na França onde viu de perto grandes reformas urbanas em Paris o que influenciaria para sempre seu modo de pensar. Ao retornar ao Brasil em 1860 dedicou-se à expansão da malha ferroviária, tendo participado da construção e prolongamento de duas estradas de ferro. Foi também consultor técnico do Ministério da Agricultura e Obras Públicas em 1870. 

Retornou à Europa no ano seguinte como inspetor da Cia. Estrada de Ferro Visconde de Mauá, ocasião na qual estudou os sistemas ferroviários do velho continente, em especial os suíços cujas inclinações em subidas o atraiam e serviram de inspiração para a construção das estradas de ferro de Petrópolis e do Corcovado, anos depois. Em 1874 foi nomeado engenheiro ministerial do Império aos 38 anos de idade. Nesta posição ele acompanhava todas as obras públicas de vulto tendo participado inclusive da comissão que iria apresentar o projeto geral de reforma urbana da capital. Apesar do trabalho exaustivo, o projeto ficou apenas no papel.

Em 1880 mais uma vez retornou a Europa onde aprimorou seus conhecimentos em transportes urbanos e obras públicas. Depois de um ano, voltou ao país fixando residência no Paraná a fim de acompanhar a construção da ferrovia que ligava o porto de Paranaguá à Curitiba. Terminada a obra retornou à capital federal onde assumiu a presidência da Cia. Ferro-Carril de São Cristovão. Em sua administração reestruturou completamente a empresa até 1884. 

Na virada do século, o Rio de Janeiro passava por sérios problemas sociais e sanitários decorrentes do rápido e não planejado desenvolvimento conjugado pela crescente imigração europeia assim como pela mudança do trabalho livre em substituição ao escravo. Estes enormes desafios o impeliram a se postular à Prefeitura da capital federal, o que ocorreu em dezembro de 1902 ao ser nomeado pelo então Presidente da República Rodrigues Alves.

Tão logo assumiu a prefeitura, Passos juntou-se a outros engenheiros de renome para dar andamento ao seu antigo projeto de reformar urbanisticamente a capital, transformando-a numa Paris tropical. Rodrigues Alves apoiou integralmente suas ideias e as obras começaram a todo vapor. Ruas estreitas e escuras cercadas por cortiços e casebres coloniais foram arrasados, principalmente no centro da cidade, para dar lugar a largas avenidas com redes de esgoto, iluminação moderna, abastecimento de água e transporte público. Foi o período que popularmente ficou conhecido como "bota-abaixo", criticado por poucos e enaltecido por muitos.

A obra que lhe rendeu mais notoriedade foi, sem dúvida alguma, a abertura da Av. Central. A nova via principal do centro veio modificar completamente o que existia até então, ligando a Prainha (atual Praça Mauá) até a extinta Praia da Ajuda (região onde hoje se localiza a Cinelândia). Seu traçado em linha reta com quase 2 quilômetros de comprimento e 33 metros de largura rasgou onze ruas e desapropriou centenas de velhas e insalubres moradias. As calçadas possuíam mosaicos feitos manualmente em pedras portuguesas e centenas de árvores foram plantadas no seu percurso. Mesmo antes da inauguração vários prédios estavam em construção definindo a nova arquitetura eclética da época, espelhada no que havia na Europa. A pista de rolamento era em mão dupla com um canteiro central onde belos postes de iluminação foram instalados. Apesar das grandes melhorias sanitárias e urbanísticas, houve uma consequência de alto custo social não previsto nos planos do prefeito e que duram até os dias atuais: o início da favelização da cidade. Em novembro de 1906 terminou sua gestão.

Após as reformas de Passos e os trabalhos do sanitarista Oswaldo Cruz, o então Presidente Afonso Pena decidiu, em 1908, realizar uma exposição a nível nacional na Urca que mudaria para sempre o conceito da capital para Cidade Maravilhosa.

Pereira Passos faleceu de infarto fulminante a bordo de um navio inglês quando viajava mais uma vez para Paris, em março de 1913, aos 76 anos.

A seguir apresentamos suas grandes realizações:

1903 

. Prolongamento da Rua do Sacramento (atual Av. Passos) até a Av. Marechal Floriano;

. Jardim do Alto da Boa Vista (atual Praça Afonso Viseu);

. Vista Chinesa;

. Alargamento do Rua Treze de Maio (atual Av. Treze de Maio);

. Jardins da Praça Tiradentes,  Praça Duque de Caxias (atual Largo do Machado), Praça da Glória, Praça 11 e Praça 15;

. Mercado Municipal da Praça 15 (concluído em 1907);

. Alargamento da Rua da Prainha (atual Rua Acre);

1904

.  Aquário do Passei Público;

. Melhoramentos na Rua Treze de Maio;

. Embelezamento da Ilha de Paquetá;

1905

. Teatro Municipal (concluído em 1909);

.  Estrada da Tijuca;

. Alargamento e prolongamento da Av. Marechal Floriano até o Largo de Santa Rita;

. Alargamento da Rua do Catete;

. Alargamento e prolongamento da Rua da Vala (atual Rua Uruguaiana) até a Av. Marechal Floriano;

. Av. Central (atual Av. Rio Branco);

. Abertura da Av. Atlântica (concluída em 1908);

. Escola-Modelo Tiradentes e Escola-Modelo Benjamim Constant (depois Rodrigues Alves);

. Abertura da Rua Gomes Freire;

. Abertura da Av. Maracanã;

. Pavilhão de Regatas (na Praia de Botafogo);

1906

. Alargamento da Rua da Carioca;

. Fortaleza da Ilha de Laje;

. Montagem do futuro Palácio Monroe;

. Conclusão dos melhoramentos do Porto do Rio de Janeiro e Canal do Mangue;

. Melhoramentos do Campo de São Cristovão;

. Jardim Suspenso do Valongo;

. Aterramento e jardins nas Praias do Flamengo e Botafogo;

. Alargamento da Rua Sete de Setembro;

. Abertura da Av. Beira-mar;

. Reforma do Largo da Carioca;

. Pavilhão do Mourisco;

. Quartéis no Méier, Saúde e São Cristovão; e

. Melhorias no sistema de abastecimento de água.

Obs.: Em junho de 1903 Pereira Passos contratou oficialmente o fotógrafo Augusto Malta (1864-1957) para registrar as reformas estruturais que começavam a ser realizadas na cidade. Foi uma decisão acertada, pois hoje dispomos de um acervo maravilhoso de fotografias que esclarece muitas dúvidas da história da então capital federal.