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sexta-feira, 22 de julho de 2022

ATERRO DO FLAMENGO - Aeroporto Santos Dumont

1. Esta foto panorâmica, da segunda metade dos anos 20, revela o aterro já avançado em frente à Igreja de Santa Luzia, vista no canto superior esquerdo. As terras oriundas do desmonte do Morro do Castelo serviram, primeiramente, para aterrar a orla no trecho entre a ponta do Calabouço até a Enseada da Glória. As árvores frondosas vistas na parte inferior direita são do Passeio Público. Ao seu lado identifica-se o Palácio Monroe, no começo da Av. Rio Branco.


2. Agora estamos ao redor de 1930 vendo a mesma área, mais aterrada, pronta para a construção do novo aeroporto da cidade. Em 1935 já operavam algumas aeronaves de pequeno porte em uma pista de somente 400 metros no que ficou conhecido como Aeroporto do Calabouço. As pistas eram de grama e os passageiros ficavam num terminal distante e improvisado. Ao longo dos anos seguintes, até 1955, a região foi sendo alargada até "encostar" na Ilha de Villegagnon, vista aqui no canto superior esquerdo. No pé da imagem está a Ilha das Cobras e a Ilha Fiscal sendo ligada à esta por uma estreita ponte.

3. O aeroporto foi inaugurado oficialmente em 1936 após 2 anos de obras, contudo o Terminal de Passageiros somente foi concluído em 1945 depois de interrompido entre 1941-44 durante a 2ª Guerra Mundial. O aeroporto com apenas uma pista de 700 metros veio a representar a inserção do Brasil na era da aviação comercial.

4. Foto aérea de 1939 apresenta toda a área aterrada para o aeroporto. Observar no centro direito a região arrasada do Morro do Castelo que deu origem ao novo bairro da Esplanada do Castelo ainda com poucas construções (apenas o Ministério do Trabalho). O prédio do aeroporto (foto anterior) é visto à direita, assim como o Terminal de Hidroaviões (foto 5). Um pouco mais acima destes últimos surge o extinto Mercado Municipal. Confrontar com fotos 1, 2 e 17.
 
4a. Provável anos 40. Esta foto foi obtida de ângulo oposto a anterior. No pé da imagem, as árvores frondosas revelam o Passeio Público com o Palácio Monroe acima. Notar que o novo aeroporto está em construção. Nas águas da baia, o aterro se expandiu. Vide foto 21.
 
5. Aqui vemos o Terminal de Hidroaviões da PANAIR, inaugurado em 1937, que veio a substituir um atracadouro antigo que existia na Ponta do Calabouço e era operado por uma empresa aérea estrangeira (PanAm Airways). Até então voos de decolagem e pouso terrestres utilizavam um precário campo de Manguinhos e aeródromos militares no Campo dos Afonsos e no Galeão. 

6. 1938. Foto oposta a anterior.

7. 1938. Notar no lado esquerdo do terminal um dos torreões do extinto Mercado Municipal.
 
 
8. 1939. O movimento do aeroporto cresceu velozmente com o impulso da aviação comercial no pais, entretanto ainda não havia instalação específica para os passageiros.

9. Sem data.

9a. Provável anos 30. 

9b. Anos 40. Hangar da Panair ainda com letriro da Panam.

 
10. Idem.
 
11. Parte do prédio operacional do aeroporto é visto à direita e, ao fundo, o Terminal de Hidroaviões.

12. Nesta foto aérea vemos a Praça Senador Salgado Filho em frente ao prédio do aeroporto e do terminal de hidroaviões. No alto da imagem está a Ilha Fiscal e a Ilha das Cobras, ambas utilizadas pela Marinha. Notar o lago artificial da praça também visto na foto 7.

13. 1941. Os passageiros circulavam pelas pistas, pois não havia pontes para embarque e desembarque.
 
13a. Foto colorizada dos anos 40.

14. Data desconhecida.

15. Foto dos anos 40 em ângulo semelhante ao da foto 12. Provavelmente foi tirada do alto do prédio do aeroporto com a câmera voltada para a Ilha das Cobras, vista ao fundo. Observar que há um hidroavião fundeado nas águas diante do terminal deste tipo de transporte (à esquerda, fora da foto), já citado antes, e uma lancha fazendo a travessia Rio-Niterói.

15a. 1941.

15b. 1942.

16. Foto de 1956 em ângulo quase igual ao anterior, inclusive nos detalhes comentados.
 
16a. Cerca de 1960. Vemos um Constellation da extinta Panair do Brasil, tal qual na foto anterior.

16b. Década de 50. Aeromoças da extinta Varig, a maior companhia aérea à sua época.
 
16c. Começo dos anos 50. Avião do Lóide Aéreo.
 
 
 16d. 1980.
 
17. Uma visão aérea da área de operação dos aviões ainda bem reduzida em 1941. As pistas seriam ampliadas algumas vezes nos anos seguintes. No canto inferior esquerdo está a Ilha de Villegagnon ocupada pela Escola Naval.

18. Foto aérea de 1951 revela q localização exata do prédio antigo de aeroporto numa área hoje ocupada pela Aeronáutica. No pé da imagem vemos o torreão remanescente do extinto Mercado Municipal. Curiosamente, ao lado dele, notamos veículos entrando numa balsa para a travessia até Niterói. Identifica-se ainda o Terminal de Hidroaviões na lateral esquerda da praça, com um cais flutuante que avança sobre o mar. Este terminal também é visto com detalhes em fotos anteriores (9 e 12).

19. 1951. Aspecto da praça, em frente ao aeroporto.

 
20. Os jardins da praça em foto sem data. O antigo prédio do aeroporto, visto aqui, foi preservado e hoje abriga o III Comando da Aeronáutica - COMAR.

21. Aspecto geral da construção.

22. Multidão se aglomera para a inauguração do Terminal de Passageiros em 1945. O terreno cercado na lateral esquerda será ocupado por unidades da Força Aérea.

23. A nova Praça Senador Salgado Filho ficou pronta antes do terminal de passageiros, em 1938. O paisagismo ficou a cargo de Roberto Burle Marx.

24. Final dos anos 40. Arquitetura marcada por pilotis e ausência de ornamentos em suas fachadas.
 
24a. Foto aérea de 1946. É possível identificar diversos trechos e construções do entorno do aeroporto.
 
25. Anos 50 em imagem oposta a anterior.

26. Década de 50.
 
26a. Anos 50. Propaganda de automóvel.

27. Foto da década de 50. Em 1959 foi inaugurada a Ponte Aérea Rio-São Paulo e assim ficaria definida a vocação como aeroporto local, restrito a voos regionais.

28. Uma tomada frontal obtida do interior da praça na década de 50.
 
28a. 1954.

29. Anos 50. Dois grandes painéis decoram o hall principal do aeroporto. Um em cada parede lateral.

30. Obra do artista plástico Cadmo Fausto, de 1951, intitulada "Aviação Moderna".

31. Do hall principal vislumbrava-se através da fachada envidraçada, voltada para o pátio - as pistas, os aviões e a bela paisagem da Baía de Guanabara.
 
31a. Data não conhecida.

31b. 1959.

32. Foto aérea de 1961 mostra o terminal, a praça e o pátio das aeronaves. Na lateral esquerda do prédio se localizava a torre de comando. Nesta época, começava a fase áurea do aeroporto quando os voos internacionais passaram a utilizar aviões a jato e de maior porte, além da popularização do uso do avião como meio de transporte.
 
32a. 1952.
 
32b. 1953.

33. Visão dos fundos do terminal, onde as aeronaves se aproximavam para embarque e desembarque de passageiros. Notar a grande fachada de vidro, entre as colunas, citada na foto 31.
 
34. Foto aérea provavelmente do final dos anos 60 com indicações:
1) Antigo prédio do aeroporto (hoje III Comando Aéreo da FAB - III COMAR);
2) Antigo Terminal de Hidroaviões (hoje Instituto Histórico Cultura da Aeronáutica);
3) Praça Senador Salgado Filho¹;
4) Terminal de Passageiros (hoje operando somente com desembarque);
5) Escola Naval na Ilha de Villegagnon;
6) Enseada da Glória (hoje local da Marina da Glória);
7) Museu Histórico Nacional;
8) Área atual do Clube da Aeronáutica; e
9) Av. General Justo.
Obs.: A área cercada por linhas amarelas pertence à Força Aérea Brasileira - FAB. Acima do algarismo 1 temos hoje, pela ordem: Depto. de Controle do Espaço Aéreo - DECEA (Av. General Justo, nº 160), Grupo Especial de Inspeção de Voo - GEIV e Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea - CGNA (Av. General Justo, nº 876). ¹ A praça primitiva localizava-se em frente ao antigo prédio do aeroporto (algarismo 1). 

34a. Foto aérea sem data.

34b. 1977. Provavelmente esta foto faz parte da mesma série da foto anterior. No alto vemos as dependências da Escola Naval, na Ilha de Villegagnon, e na parte baixa o Trevo Estudante Edson Luís de Lima Souto em frente ao aeroporto.

34c. 1965. Em destaque a passarela que atravessa as pistas em frente ao aeroporto.
 
34d. Anos 80. A cara do Rio.

35. A parte final do Aterro do Flamengo vista em foto aérea de 1968. Ao fundo vemos o Aeroporto Santos Dumont. A passarela vista no pé da imagem fica diante do Museu de Arte Moderna - MAM.

36. Esta foto, obtida de ângulo semelhante ao anterior, mostra que o trevo viário diante do aeroporto foi ampliado para diversas opções de trânsito. O estacionamento de carros em primeiro plano ainda hoje existe.

37. Data não conhecida.

38. Em 1998 o aeroporto sofreu incêndio de grande proporção que destruiu dois terços de suas instalações. Não houve vítimas fatais e os voos, inclusive da ponte aérea, foram transferidos para o Aeroporto Internacional do Galeão durante seis meses, tempo esse necessário para a recuperação. Em pouco tempo a demanda voltou a se regularizar e até cresceu.
 
39. 1998. Fundos.

40. Em 2007 o aeroporto passou por uma grande ampliação visto estar operando além da sua capacidade.  Foi inaugurado um novo e moderno terminal de embarque anexo, interligado ao antigo, também reformado. Foram instalados oito pontes de embarque/desembarque, aumentado o número de esteiras de bagagem, balcões de check-in, quantidade de pontos comerciais/bancários, esteiras rolantes, elevadores e reforma das pistas e pátios para aeronaves. A área de passageiros do aeroporto triplicou e sua capacidade pulou de 1,8 milhão de passageiros por ano para 8,5 milhões. Nos anos seguintes foi inaugurado um shopping, o Bossa Nova Mall, ao lado do novo terminal de embarque e uma estação do VLT, do centro da cidade, foi projetada interligando o aeroporto até a Rodoviária Novo Rio.

41. Foto recente após remodelação.

42. Cerca de 2012. Aspecto do acesso ao novo Terminal de Embarque.

43. Terminamos a postagem com esta imagem recente de satélite do centro sobreposta a um mapa de 1820. O objetivo é mostrar ao caro visitante as intervenções de aterramento da orla ocorridas nestes últimos 200 anos. Indicamos alguns pontos para melhor entendimento:
1) Região portuária (antigas praias da Gamboa, Saúde, Valongo e Formosa) - aterrada para a abertura da Av. Rodrigues Alves e construção dos armazéns do novo porto da cidade;
2) Pier Mauá (antigo Armazém do Sal, atual Museu do amanhã) e Praça Mauá (antiga região da Prainha);
3) Ilha das Cobras - entorno aterrado para expansão do Arsenal de Marinha;
3a) Ilha Fiscal - ligada à Ilha das Cobras por ponte em 1930;
4) Aeroporto Santos Dumont - construído em 1936 sobre o aterramento efetuado com parte do rejeito do Morro do Castelo;
5) Marina da Glória - criada em 1979;
6) Morro do Castelo - demolido em 1922. Seu rejeito foi utilizado, inicialmente, para construção da atual Av. Presidente Wilson (antiga Av. das Nações), local da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil e do prolongamento da Av. Beira-mar até a Ponta do Calabouço (atual Museu Histórico Nacional). A Praia de Santa Luzia foi extinta com esta intervenção;
7) Morro de Santo Antônio - demolido quase totalmente no final dos anos 50;
8) Morro de São Bento;
9) Morro da Conceição;
10) Morro do Senado (atual região ao redor da Praça da Cruz Vermelha) - demolido entre 1880 e 1906. Seu rejeito foi utilizado para o aterramento da região entre Praça Mauá e Praia Formosa (local próximo à atual Rodoviária Novo Rio) para a construção do novo Porto do Rio de Janeiro;
11) Morro de Santa Teresa;
12) Praça XV e Praça Marechal Âncora (antigo Largo do Moura) - alargadas em direção ao mar a partir do Chafariz do Mestre Valentim para a construção do extinto Cais Pharoux; e
13) Parque Brigadeiro Eduardo Gomes (também conhecido como Parque do Flamengo, aberto em 1965) - aterrado com o rejeito do Morro de Santo Antônio.