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domingo, 29 de março de 2020

RUA PRIMEIRO DE MARÇO - Convento do Carmo

1. 1906. Rua Primeiro de Março (antigo Caminho do Mar, Rua da Misericórdia e Rua Direita) esquina com Rua Sete de Setembro (antiga Rua do Cano). Trecho exatamente diante da Praça 15, aqui não visível. Esta construção, sem muita beleza aparente, é o Convento do Carmo (ou dos Frades Carmelitas) erguido entre 1611-1619. Após a chegada da família real de Bragança à cidade, em 1808, o convento foi confiscado para servir de residência oficial da Rainha D. Maria I, "a Louca", mãe de D. João VI, o príncipe regente. Construiram-se dois passadiços sobre as Ruas Direita e do Cano, interligando-o com o Paço Real e com a Igreja N. Sra. do Carmo. Vide mais detalhes aqui (fotos 27 e 28) como também a foto 4, mais abaixo. Ao fundo, observamos o Morro do Castelo e parte da lateral da Igreja de São José, na extrema esquerda.

2. Anos 30. Eis a face do convento vista pela Rua Sete de Setembro. A via à direita é a atual Rua do Carmo e, ao fundo, observamos árvores de um pequeno pedaço da Praça 15. O casarão foi preservado, já foi sede do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB, fez parte do anexo da Universidade Cândido Mendes e hoje pertence ao governo do Estado, passando por uma grande restauração. Depois de pronta a Procuradoria Geral do Estado - PGE deverá ocupar parte do antigo convento.
 
2a. Ao redor de 1915. A calçada da direita corre em frente ao convento. À esquerda está os fundos do Paço Imperial, seguido pela Rua da Assembleia (onde entra um bonde), Cadeia Velha, Rua São José e a igreja homônima. Observar a entrada principal do convento em porta arredondada e comparar com a foto 1.
 
3. 1924. Um cortejo religioso diante da Igreja da Ordem Terceira de N. Sra. do Monte do Carmo. Ao fundo, da esquerda para a direita, observamos o Paço Imperial, a Igreja de São José e, mais a direita, o Convento dos Carmelitas. Atentar para o fato da fachada superior não ser a mesma de outras fotos. Isto se deve a uma obra de redecoração, realizada em 1906, que alterou o estilo colonial antes existente. Em 1960, quando o prédio do antigo convento foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, essas alterações foram eliminadas, voltando ao seu aspecto original.
 
3a. Mesmo ângulo da foto anterior em dia da festa do padroeiro da cidade em 20 janeiro de ano não conhecido.
 
4. 1883. O convento ao lado das igrejas da Rua Primeiro de Março, diante da Praça 15. Observar, ampliando, parte do passadiço citado na foto 1.

5. Cerca de 1900. O ângulo da foto é muito aproximado daquele visto na foto 1. A construção não tem nenhum atrativo arquitetônico e sua porta principal, em arco, é muito modesta.
 
5a. 1902. Aglomeração de populares e tropas em dia de evento próximo a catedral.
 
5b. Cerca de 1920.

5c. Ao redor de 1910.

5d. Destacamento militar formado diante do convento.

6. Fotografia clássica da Praça 15, sem data conhecida, porém decerto entre 1894 e 1906. Vamos aos detalhes conhecidos: À esquerda o Paço Imperial e no centro da praça a estátua equestre em homenagem ao General Osório rodeada de árvores. No fundo, a começar pela esquerda, vemos o Convento dos Carmelitas, a passagem da Rua Sete de Setembro, a Igreja N. Sra. do Carmo e, sua vizinha, a Igreja da Ordem Terceira de N. Sra. do Carmo.

7. 1875. Largo do Paço (atual Praça 15). Acrescentamos setas indicativas dos principais pontos conhecidos. Não podemos precisar, mas acredito que o Arco do Teles pode ser visto no prédio ao fundo, à esquerda do chafariz. Este prédio aparece também na foto anterior, contudo, pelo ângulo, não é possível identificar o Arco. Na extrema direita o prédio mais baixo do Mercado do Peixe no local do atual prédio da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros - BM&F, antiga BVRJ.

8.2019. Foto do autor. Recentemente (2023) o prédio foi totalmente restaurado.

sábado, 28 de março de 2020

PRAÇA 15 - Mercado Municipal

1. O Mercado Municipal foi iniciativa antiga do então Prefeito da cidade, Pereira Passos, considerado o grande precursor da modernidade da época por ter realizado inúmeras obras no centro do Rio que terminaram com o antigo aspecto colonial de ruas estreitas e casebres baixos. Foi instalado numa área aterrada às margens da baía de Guanabara, próxima ao antigo bairro da Misericórdia, mais precisamente no Largo do Moura. Inaugurado somente em 1907, possuia cerca de 200 boxes de metal para armazenamento e exposição de centenas de mercadorias, basicamente produtos para alimentação. Tratava-se de um projeto arquitetônico simples na forma de um grande quadrilátero de 150 m em cada lado com torreões octogonais em cada um dos vértices e quatro grandes entradas laterais. No centro do mercado havia instalado um quinto torreão ainda maior com um relógio de quatro faces no alto onde funcionava a administração do mercado. Os pavilhões em seu interior eram divididos em 32 ruas devidamente calçadas para suportar trânsito de cargas pesadas. Na foto acima, do dia da inauguração, observamos uma comitiva de autoridades numa rua principal com o torreão central ao fundo.
 
1a. 1907. Cerimônia religiosa de ação de graças no mercado.
 
2. Novo ângulo do torreão central e seu relógio característico.

3. Anos 30. Aqui vemos a localização correta do Mercado Municipal. À direita, ao lado do mercado, observamos uma lancha zarpando da Estação das Barcas para Niterói (vide postagem aqui). Na área central  da imagem vemos um grande terreno descampado que era antes ocupado pelo Morro do Castelo. Um pouco mais acima a região da Cinelândia com seus prédios característicos e os fundos da Biblioteca Nacional e o Museu de Belas Artes. Na extrema direita, a Praça 15 arborizada e, na extrema esquerda, os terrenos que foram aterrados para a Exposição Internacional de 1922. Por fim, destacamos a Rua Santa Luzia, em profundidade, com a igreja do mesmo nome e a Santa Casa de Misericórdia, abaixo do futuro bairro do Castelo. Clique na imagem para ampliar.
 
3a. Data não conhecida.

4. Cerca de 1910. Vemos a lateral do Mercado Municipal voltada para a baía de Guanabara, onde havia o cais. Observar na extrema direita o torreão central com o relógio.
 
4a. 1912.

4b. 1910. Doca Floriano Peixoto que durante algum tempo serviu ao novo mercado.
 
4c. 1917. Dia de grande movimento no cais.

4d. 1910. Inauguração do Cais Delvecchio. A criação do novo mercado exigiu a construção também de um cais e uma doca para receber embarcações que traziam produtos das regiões mais afastadas do centro da cidade.

5. 1911. Ao que parece esta construção, à esquerda, é a parede lateral do antigo Tribunal de Justiça, cujos fundos ficam voltados para o Mercado Municipal. Observar foto 3.

5a. Bondes bagageiros parados em uma das laterais do mercado.
 
5b. Sem data. 

6. Imagem colorizada de um dos quatro portões laterais de 14 m de altura. Observar a grande quantidade de "burrinhos sem rabo", os quais eram, decerto, o transporte permitido no interior.

7.1909. As lojas se abriam tanto para o interior como para o exterior do mercado. Ao que tudo indica, esta parece ser a lateral do mercado voltada para a Estação das Barcas, pois, ao fundo, vemos o Morro do Castelo. O fotógrafo deve estar de costas para a baía.
 
7a. Cerca de 1920. Foto tirada do alto do Morro do Castelo, mostrando o começo das obras de construção dos pavilhões nacionais da Expo 1922. Notar, à esquerda, a lateral do Mercado Municipal que será utilizada para servir a um dos pavilhões voltado para a Praça dos Estados. Todas as antigas construções vistas no centro da imagem serão arrasadas.
 
8. 1921. Esta é a mesma lateral do mercado vista nas fotos 4 e 4b. Parece ser dia de ressaca na orla da baía.
 
8a. 1916. Negociando preço de peixe.
 
8b. 1916. Escolhendo mercadoria.

8c. 1916. Examinando as bananas.
 
8d. 1916. Uma grande variedade de hortifrutigranjeiros.

8e. 1916. Secos e molhados.

9. 1929. Gaiolas e pássaros também eram vendidos no Mercado Municipal.
 
9a. Anos 30.

9b. Sem data conhecida.

9c. Foto colorizada do movimento de clientes, comerciantes e carregadores em um dos corredores do mercado.

10. Aglomeração diante dos boxes.

11. 1941. Programa familiar.
 
11a. Sem data conhecida.

12. Visão interna de um dos portões.

13. Visão panorâmica de outro ângulo. No canto inferior direito, temos a Rua Dom Manuel (vide postagem aqui) e, no canto esquerdo, a Estação das Barcas para Niterói. O prédio baixo e comprido, entre a estação e portão do mercado, existe até hoje, onde funcionam três lojas comerciais.
 
13a. Cerca de 1935. Foto aérea mostrando o mercado e todo seu entorno. A área clara descampada no canto inferior direito é o local onde situava-se o Morro do Castelo. Mais acima está a Santa Casa de Misericórdia ainda rodeada por alguns pavilhões da Expo 1922. Na parte central da imagem, no lado direito do mercado, resiste algumas velhas construções do antigo bairro da Misericórdia. No canto inferior esquerdo está a Praça 15 com a estação das barcas ao lado.

13a. Esta lateral do mercado ficava voltada para o antigo bairro da Misericórdia e Largo do Moura (atual Praça Marechal Âncora). Ao fundo vemos o prédio do antigo Ministério da Agricultura. Vide fotos 16 e 17 em ângulo oposto.
 
13b. 1942. Foto colorizada do antigo Ministério da Agricultura. Pela imagem anterior podemos observar sua proximidade com o Mercado Municipal. Durante a Exposição Internacional de 1922 o prédio abrigou o Pavilhão dos Estados, sendo, após o encerramento, aproveitado como novo edifício público. Depois da transferência da capital para Brasília deixou de ter função permanente e, em 1978, foi demolido sem que nenhuma outra edificação fosse erguida. Os caixotes vistos em frente pertencem ao movimento de carga e descarga do mercado. 
 
13c. 1934.

14. Provável anos 40. Terminal de bagagens da Estação das Barcas.

14a. 1910. Mesmo local acima em outro ângulo.

15. Excelente foto abrangendo a Praça do Expedicionário (localiza-se na continuação da Av. Almirante Barroso, após cruzar a Av. Presidente Antônio Carlos) com o Mercado Municipal ao fundo. Observar, na extrema esquerda, que o prédio atual do Fórum ainda não foi construido.
 
15a. Década dos anos 30.

15b. Cerca de 1940. As construções mais a esquerda não vão durar muito.
 
15c. Demolições ao redor.

15d. Cerca de 1941. Uma imagem de ângulo pouco comum. O fotógrafo está de costa para as águas da baia. À direita vemos um dos torreões do mercado (o mesmo visto na foto seguinte) e, mais ao fundo, o antigo Ministério da Fazenda. O obelisco em frente à ele é o Monumento ao Barão do Rio Branco localizado na Praça do Expedicionário. Na extrema esquerda vemos parte do Ministério da Agricultura (antigo Pavilhão dos Estados Brasileiros da Expo 1922) e, frontalmente, está o Museu da Imagem do Som (antigo Pavilhão da Administração e DF da Expo 1922). Por fim, destacamos, em primeiro plano, a grande quantidade de carrinhos de mão (mais conhecidos "burrinhos sem rabo") dos carregadores de mercadorias do mercado.

 16. 1957. Uma maravilhosa fotografia.

17. Foto da mesma época da anterior com maior aproximação. Esta via é a atual Av. Alfred Agache. Observar que os "burrinhos sem rabo" ficaram no passado. Acima do torreão em primeiro plano vemos a Estação das Barcas e no canto superior esquerdo o prédio do Palácio da Justiça (atual Centro Cultural e Museu da Justiça - CCMJ).

18. Anos 50.
 
18a. Imagem contemporânea a anterior.

18b. Sem data.
 
18c. Idem.

18d. Antes de ser demolido, o mercado já aparentava sinais de decadência. Mesmo ângulo da foto 4b.

19. 1957. Através do portão do mercado vemos, ao fundo, o prédio do antigo Ministério da Fazenda, localizado na Av. Presidente Antônio Carlos, hoje Secretária Estadual da Fazenda.
 
19a. 1958. O começo do fim do mercado. Vemos a construção dos pilares do novo Elevado da Perimetral que irá atravessá-lo no exato local de onde se localiza uma das entradas.

19b. 1958.

20. 1958. Mesmo trecho da foto anterior em momento seguinte das obras de construção do Elevado da Perimetral. O portal desta lateral já foi demolido.
 
20a. Outro aspecto do início das obras do elevado próximas ao mercado. Ao fundo vemos a torre central do relógio. 

20b. Cerca de 1959. Ainda em construção.
 
20c. 1959. Destaque para a torre central do mercado onde se localzava o relógio de quatro faces.

21. O novo elevado descaracterizou completamente o Mercado Municipal, rasgando-o de lado à lado. Até seu torreão principal não foi poupado. No seu interior, clientes e comerciantes passavam por debaixo do elevado entre suas colunas de sustentação. 

22. 1960. Esta foto esclarece por completo a incoerência que foi cometida.
 
22a. 1961. O elevado foi construído em duas etapas: a primeira que liga o Aeroporto Santos Dumont à Igreja da Candelária foi inaugurada em 1960; a segunda,  mais extensa, levou dez anos para ser concluída, em 1978, e unia a continuação da primeira até a região portuária por cima da Av. Rodrigues Alves até o Viaduto do Gasômetro.

22b. Imagem oposta a anterior do mesmo período.

23. Não durou muito tempo, pois em 1962 o que havia restado do Mercado Municipal começou a ser derrubado. Uma nova central de abastecimento já estava pronta no bairro de Benfica, a Central de Abastecimento do Estado da Guanabara - CADEG. Vide postagem aqui (a partir da foto 15).

24. 1962. Apenas um dos torreões foi preservado. Ficou abandonado por dois anos, sofreu uma reforma e instalou-se ali um restaurante fino com excelente vista para a baía: Restaurante Albamar, famoso por seus pratos de frutos do mar. Depois de um período de decadência, sofreu revitalização em 2009. 
 
24a. O torreão remanescente está assinalado. Comparar com foto anterior.

24b. Anos 60.
 
24c. Da mesma série anterior.

25. 1963. O grande terreno antes ocupado pelo mercado tornou-se a Praça Marechal Âncora.

26. 1965. Contudo virou estacionamento regular da prefeitura da cidade por anos. Em 2016, com a derrubada do Elevado da Perimetral, o restaurante passou por nova reforma, transformando-se em 2018 no Restaurante Ancoramar e voltando ao nome original pouco tempo depois. A região onde ficava o antigo Mercado Municipal foi totalmente revitalizada e hoje é um imenso espaço de lazer com passagem de pedestre sob as pistas da Av. Alfred Agache, jardins arborizados e bancos. Ao seu redor existem vários pontos turísticos famosos: Museu da Imagem e do Som, Museu Histórico Nacional, Igreja N. Sra. de Bonsucesso, Ladeira da Misericórdia e Santa Casa da Misericórdia, além, é claro, da Praça XV. Tudo é alvo de postagens à parte neste blog.

27. 1974. Foto provavelmente obtida do alto do Viaduto da Perimetral. O belo prédio em destaque é o antigo Pavilhão dos Estados Brasileiros da Expo 1922, visto também na foto anterior. Ele foi mantido após o término daquele evento e abrigou o Ministério da Agricultura até meados dos anos 70 quando foi definitivamente demolido. À direita dele vemos a Ladeira da Misericórdia, único acesso remanescente do extinto Morro do Castelo, onde a cidade nasceu. Mais à direita está outro pavilhão (Administração e Distrito Federal) daquela exposição aqui sendo utilizado pelo Museu da Imagem e do Som. Também ao seu redor, a região do velho bairro da Misericórdia, tornou-se um grande estacionamento, tal qual a foto anterior no terreno onde existiu o Mercado Municipal.
 
27. Imagem recente extraída do Street View.

28. Outra imagem recente. Mudança inacreditável.