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sábado, 14 de março de 2020

CINELÂNDIA - Palácio Monroe

1. Em 1904, em Saint Louis, nos Estados Unidos, aconteceu a Exposição Universal, na qual o Brasil participou com seu pavilhão montado em uma belíssima construção em estilo eclético. Findo o evento, a edificação foi desmontada e transportada para o Rio de Janeiro, onde foi instalada em 1906, ano da foto acima. Recebeu o nome de Palácio Monroe em homenagem ao presidente norte-americano James Monroe. Primeiramente foi sede provisória da Câmara dos Deputados durante as obras do novo Palácio Tiradentes (hoje abriga a Alerj), na Rua Primeiro de Março. Em 1922, durante as comemorações do centenário da independência (Expo 1922), abrigou o Comitê Organizador do evento e em 1925 a sede do Senado Federal, onde permaneceu até 1960 após a inauguração da nova capital federal em Brasília. Em 1976, durante as obras de abertura do Metrô da cidade, a construção foi definitivamente derrubada. Posteriormente foi construido um estacionamento no subterrâneo do terreno e instalado um chafariz ao nível do solo. A imagem acima apresenta o estágio final da montagem entre a Praça Floriano (futura Cinelândia) e a Av. Beira-mar, no cruzamento da Av. Central (atual Av. Rio Branco) com a continuação da Rua do Passeio em direção à Rua Santa Luzia. Observar no fundo à esquerda o Outeiro da Glória. Clique na imagem para ampliar.

2. Aspecto da montagem em 1906.

3. Imagem do mesmo ano da foto anterior, provavelmente no dia da inauguração do prédio, com o fotógrafo de costas para a Av. Beira-mar. À direita parte do Morro de Santo Antônio e à esquerda a lateral do Convento de N. Sra. da Ajuda. O terreno está gradeado e ainda há vestígios do fim de obra.
 
4. Outra imagem de ângulo aproximado da foto anterior datada do período entre 1906 e 1911.
 
5. Ao que parece trata-se ainda da festa de inauguração em 1906. Imagem clicada em direção às escadas da construção na Av. Central mostrando populares assistindo ao evento. Observar que há pessoas imprudentemente no topo do prédio, soldados a cavalo e desfile em bicicleta. No fundo à direita parte lateral do Convento da Ajuda.

6. Excelente imagem da beleza do prédio pela mesma lateral da foto anterior. Observem que no canto esquerdo aparece, ao fundo, um dos dois pavilhões octogonais do Terraço do Passeio Público. O exótico poste de iluminação no canto inferior esquerdo da foto ocupa a calçada da Av. Central em direção à Av. Beira-mar, após a Rua Santa Luzia.

7. Outra excelente imagem provavelmente tomada de uma altura qualquer da Rua Senador Dantas, próxima à atual Praça Mahatma Gandhi, vista no centro. A escadaria do palácio observada fica oposta a outra existente na Av. Central.

8. Eis o projeto de ajardinamento do entorno do palácio. Clique na imagem para ampliar.

9. Foto espetacular do acervo do Instituto Moreira Sales. Vamos aos detalhes observados: à direita da imagem, porém diante do Palácio Monroe, aparece uma pequena parte do Convento da Ajuda ainda de pé; os prédios do Ed. Lafont e do Clube Militar sequer estão em construção; observa-se claramente a fábrica de gelos na Rua Santa Luzia, onde fumega uma chaminé alta; é clara a imagem do Outeiro da Glória na enseada ao fundo; e, por fim, concluímos que a foto foi batida antes da instalação do obelisco no final da Av. Central...onde está ele ? Imagem tomada, certamente, de um ponto qualquer no Morro do Castelo. Vejam os contornos dele em primeiro plano.

10. Imagem muito semelhante a anterior, contudo notamos algumas diferenças: o obelisco aparece à direita da chaminé menor da fábrica de gelos; a precária via no canto inferior direito parece ser a atual Rua Pedro Lessa em seu cruzamento com a futura Rua México; e a cúpula do Monroe está toda clara contrastando com as fotos 2 e 3, além da anterior, concluindo - esta foto é em data posterior.

11. Alguma solenidade ocorrendo em 1909.
 
11a. Cerimônia do funeral do Senador Joaquim Nabuco em 1910.
 
12. Foto de 1910 tomada ao nível da pista da Av. Central. Observar o obelisco, o Outeiro da Glória (clique na foto para ampliar), um pedacinho do poste de iluminação citado na foto 6 e as grades cercando o prédio.

13. Imagem bastante próxima a anterior, contudo do ano de 1915. Há árvores cercadas por gradil nos canteiros centrais da avenida. O mais curioso é o homem à direita, de roupa preta, voltado para a câmera, de pé na ponta triangular do antigo formato da Praça Floriano. Observe o calçamento ali de pedras portuguesas em formato de ondas. 

13a. Propaganda de carros Mercedes de 1912 aproveitou a beleza do palácio ao fundo.
 
13b. 1914.

13c. Provável anos 10.

14. Rara imagem de 1915 mostra um transeunte passando diante do portão do Passeio Público com o Palácio Monroe ao fundo. Acredita-se que seja um portão lateral não mais existente, voltado para a atual Rua Luís de Vasconcelos.

15. Imagem de 1918 de algum evento no local. Observamos um desfile escolar vindo da Rua do Passeio em direção à Av. Rio Branco. O bonde à direita contorna a esquina da Praça Floriano exatamente junto ao terreno do Parque Centenário (não visível), local onde mais tarde será construído o Ed. Odeon.

16. Foto sem data mostra claramente os postes exóticos após a esquina da Rua Santa Luzia mencionados nas fotos 6 e 12. No exato local onde há um homem com um cão, existe uma saída/entrada para a Estação Cinelândia do Metrô. No fundo, à esquerda, o obelisco.

17. Imagem dos anos 20 clicada de alguma janela do Clube Militar. Observar à esquerda os toldos das janelas do Ed. Lafont. Ao fundo a Enseada da Glória e o Outeiro.

18. Foto colorizada semelhante a foto 16 com um detalhe muito esclarecedor: observem no canto esquerdo os tapumes do terreno onde será erguido o Ed. Lafont, na esquina da Rua Santa Luzia. Ao fundo o obelisco e o contorno lindo do Pão de Açúcar.

19. Foto incomum. Estamos na "ponta nova" (não mais triangular) da Praça Floriano. A construção em forma de arco, à esquerda do palácio é o portão principal de entrada da Exposição Internacional em Comemoração ao Centenário da Independência do Brasil, portanto em 1922. Existe postagem exclusiva de todas as edificações construídas para este evento.

20. Nesta foto, de 1909, observamos o bonde Leme, oriundo da Rua do Passeio, contornando a esquina da Praça Floriano. Observar a foto 15 para entender melhor o local.

21. Esta imagem, provavelmente do começo da década de 30, revela detalhes interessantes: primeiramente, observamos que o aterro inicial da enseada já foi concluído, vemos a pista dupla da Av. Beira-mar, a Praça Paris com seus chafarizes e a Praça Marechal Deodoro da Fonseca ainda sem o monumento em sua homenagem; à direita, as árvores do Passeio Público e abaixo uma pequena parte da atual Praça Mahatma Gandhi; no canto inferior esquerdo, o final da Av. Rio Branco; e, por fim, no canto superior esquerdo, o Hotel Glória e o Outeiro.
 
22. Fotografia aérea datada de 1929 mostra toda a região do entorno do palácio. Pode-se identificar: o Obelisco no final da Av. Rio Branco, o Teatro e Cassino Beira-mar diante do Passeio Público e o Silogeu, no canto superior direito. A Praça Paris ainda não foi criada.

23. Foto de 1929, contemporânea a anterior, clicada da Praça Marechal Deodoro (localizada diante do Passeio Público, lateralmente às pistas da Av. Beira-mar). Vemos bem claro a torre do Ed. Lafont à direita do Palácio Monroe. Também pode ser notada, na extrema esquerda, parte do prédio do Cassino Beira-mar. Entre este e o palácio, distinguimos, ao fundo, as coluna da Biblioteca Nacional.

24. Aqui uma imagem semelhante à 22, contudo mostrando, no canto direito, parte do Teatro e Cassino Beira-mar (há postagem própria desta construção), localizado diante do Passeio Público, com portaria para a Praça Marechal Deodoro.

25. Bela imagem dos anos 30 mostrando toda a imponência do Palácio Monroe no final da Praça Floriano. À direita o Ed. Odeon, uns dos ícones da Cinelândia. Em primeiro plano o monumento ao Marechal Floriano Peixoto em frente ao Teatro Municipal, aqui não visível. Ao fundo, o majestoso Hotel Glória. Observar que entre as duas partes da praça há uma pequena rua para retorno, porém aparenta estar sendo usada para estacionar. Esta ruela ficava alinhada com a Rua Pedro Lessa no outro lado da Av. Rio Branco, entre a Biblioteca Nacional e o prédio do STF.
 
25a. Anos 20. Um ângulo pouco comum.

25b. 1956. Inserimos esta fotografia somente para mostrar o belo calçamento de pedras portuguesas ao redor do Palácio Monroe (fora da imagem, à direita, hoje Praça Mahatma Gandhi). Ao fundo está o prédio do extinto Hotel Serrador, ao lado do final da Rua Senador Dantas. Na foto anterior vemos o mesmo trecho daqui em ângulo mais elevado. A via à esquerda é a Rua Luis de Vasconcelos, na lateral do Passeio Público.
 
25c. 1971. Agora estamos na mesma área da foto anterior, só que na calçada junto à Av. Rio Branco, perto do Obelisco. Observar o mesmo mosaico no piso e o Ed. Francisco Serrador, ao fundo.

26. Década de 20. Uma imagem da Av. Rio Branco em direção à Av. Beira-mar, antes do cruzamento com a Rua Santa Luzia. Observar a calmaria da região: somente dois carros e alguns transeuntes. Ruas e calçadas sem buracos e limpas! Andar pelas pistas, com calçadas livres ao lado, já era costume na época. À esquerda, a parte baixa do Ed. Lafont.
 
26a. 1939. À esquerda parte do palácio e, ao fundo, o prédio da Mesbla e sua característica torre com relógio.

26b. Provável anos 20.

27. Esta imagem aérea é bastante elucidativa no sentido de melhor entender o entorno edificado ao Palácio Monroe. Não temos a data, embora possamos afirmar trata-se do começo dos anos 30. Vemos, na lateral direita, que a região do Castelo (local onde o morro do mesmo nome foi aterrado) ainda está praticamente deserta, todavia com as ruas traçadas. A Rua México, paralela a Av. Rio Branco, à direita, está pronta e urbanizada. O edifício onde se instalou a sede da Standard Oil (posteriormente Esso, atual Faculdade IBMEC), na Av. Presidente Wilson, nº 118, já foi erguido. Na Cinelândia, vemos o Ed. Francisco Serrador sendo construido, em frente à atual Praça Mahatma Gandhi. A Av. Graça Aranha, paralela direita da Rua México, ainda tem seu traçado interrompido por velhas construções que a impedem de se unir à Av. Calógeras até a Av. Beira-mar. Por fim, destacamos, ao fundo, na Praça Mauá, o enorme Ed. "A Noite" já levantado totalmente, embora não se possa afirmar se concluído ou não.

28. Outra imagem aérea de outro ângulo. De baixo para cima: árvores do Passeio Público, atual Praça Mahatma Gandhi, Palácio Monroe e edifício sede da Standard Oil. Destacamos ainda, o obelisco e um prédio  baixo na extrema esquerda que foi derrubado para a construção do atual consulado norte-americano, na esquina da Rua México com Av. Presidente Wilson. O prédio acima deste, em final de construção, parece estar de fundos, na Av. Presidente Antônio Carlos.
 
28a. Foto lindamente colorizada datada de 1950.
 
28b. O mesmo ângulo e época anteriores. Curiosidade: o carro preto aqui no canto esquerdo pode ser o mesmo à direita da foto acima.
 
28c. Final dos anos 40.

28d. Um excelente foto de 1954. Notar no alto à direita um pequeno pedaço da torre da Estação de Bondes da Cinelândia.
 
28e. Provável anos 30.

28f. Anos 50. Notar no alto à direita a torre da estação de bondes com suas propagandas.
 
28g. Foto colorizada ao redor de 1950. Observar, ao fundo, a inexistência do Aterro do Flamengo.

29. Uma imagem frontal de toda a região do Palácio Monroe nos anos 60. Da esquerda para a direita: o conhecido prédio da loja de departamentos Mesbla com seu característico relógio na torre, Rua Senador Dantas (e sua continuação até a Av. Beira-mar - Av. Luis de Vasconcelos), Ed. Francisco Serrador com seu enorme portão de entrada, a espremida Rua Alvaro Alvim, Ed. Odeon, Cinelândia com o Teatro Municipal ao fundo e Av. Rio Branco com o obelisco em seu marco inicial. No canto inferior esquerdo, a Praça Marechal Deodoro e o enorme monumento em sua homenagem e acima desta a concentração de árvores do Passeio Público. Destacamos ainda o grande estacionamento de veículo, próximo ao obelisco.
 
29a. Cerca de 1960. Muitas pessoas subiam até as esculturas dos leões para uma foto. Eram quatro em mármore de carrara, adornando as escadas, duas voltadas para a Av. Rio Branco e duas para o Passeio Público. Após a demolição do palácio, em 1976, elas foram dadas como desaparecidas, entretanto anos depois, foram descobertas numa fazenda em Uberaba - MG. Seu proprietário havia comprado duas das peças em um leilão oficial da prefeitura do RJ. Os outros dois estão em um instituto de preservação da arte no Recife - PE.

29b. 1976. Flagrante das peças sendo removidas.
 
29c. 1937. Selo postal de propaganda turística da cidade.
  
30. Aqui uma imagem oposta a anterior abrangendo parte do novo Aterro (Av. Infante Dom Henrique) na Enseada da Glória. Vemos também a Praça Marechal Deodoro, a Praça Paris e o trecho final da Av. Rio Branco no canto inferior esquerdo. Comparar com foto 21.

30a. 1965. Pedestres atravessam no semáforo da Av. Rio Branco com Rua Santa Luzia.
 
30b. 1968.

30c. 1968. O palácio e seus vizinhos da Av. Rio Branco:
1) nº 251 - Ed. Duque de Caxias (Clube Militar);
2) nº 257 - Ed. Rio Branco;
3) nº 277 - Ed. São Borja; e
4) nº 311 - Ed. Brasília.

31. Bela imagem do início dos anos 70 clicada, ao que parece, da Av. Presidente Wilson. Destacamos, no canto superior esquerdo o prédio da Loja Mesbla. No outro lado do Monroe o Ed. Francisco Serrador e parte pequena do Ed. Odeon. Na extrema direita a marquise do Ed. Brasília, localizado na esquina da Av. Rio Branco com Av. Presidente Wilson, onde atualmente funciona o Consulado de Angola. Os tapumes ao redor do palácio indicam que as obras do Metrô parecem em curso. Por fim, uma curiosidade: vemos, ao lado do ônibus, um fusca da PM, apelidado carinhosamente pelos cariocas da época de "joaninha". Clique na imagem para ampliar.

32. Foto de 1971 tomada de uma das pistas do Aterro (Av. Infante Don Henrique) em direção ao Palácio Monroe. Além do Ed. Serrador e Ed. Odeon, já citados na imagem anterior, evidenciamos todos os três prédios da nova geração da última quadra da Av. Rio Branco, oposta ao Monroe. Vejamos: o Ed. Brasília, no contorno da Av. Presidente Wilson, Ed. São Borja (com formas geométrica verticais) e o Ed. Rio Branco, na esquina com Rua Santa Luzia, no mesmo local do outrora Ed. Lafont.

33. A chegada das obras do Metrô, no começo da década de 70, iria decretar a derrubada, após 70 anos de existência no local, do maravilhoso Palácio Monroe. Uma lástima! Ângulo obtido próximo ao obelisco.

 34. Escavações à céu aberto trouxeram o caos para a região.

35. O começo do fim contrasta com a beleza natural do Pão de Açúcar ao fundo.

36. Até os dias atuais há lamentos pela derrubada do Monroe.
 
37. Setenta anos de história jogados fora!
 
38. Sem o antigo palácio, a beleza do entorno da Cinelândia nunca mais seria a mesma. Veja foto 25.

 
39. 1976. Uma imagem vale mais que mil palavras. Vide foto 29.
 
40. 1976.
 

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